Professor e empreendedor no Vale do Silício, Steve Blank dá dicas importantes de como você pode preparar sua empresa para enfrentar a crise.
Além da crise grave de saúde, a pandemia do coronavírus está causando uma série de problemas à economia mundial. O isolamento social mudou a forma de consumir, produzir e vender. Mas afinal, como sobreviver a essa crise?
Para Blank, o impacto do vírus nos negócios será tão grande que irá mudar a forma como compramos, viajamos e trabalhamos durante um longo período. Ele esclarece que o principal é procurar manter clientes e funcionários seguros em relação aos negócios e empregos.
O guia traz quatro perguntas que giram em torno de uma questão principal: “O que acontecerá com a minha empresa?”.
1 – Quais serão meus gastos?
Faça um balanço dos gastos mensais da empresa. Coloque na ponta do lápis os gastos fixos, como aluguel, e os variáveis, como salários e comissões. Ao final, se sua receita for positiva, significa que você gasta menos do que recebe. Já se o seu saldo for negativo, isso quer dizer que você está tendo prejuízo. Com isso, você consegue calcular o tempo que sua empresa tem até o dinheiro acabar.
2 – Como está meu modelo de negócio?
O cenário de pandemia no qual sua startup ou pequena empresa está inserido neste momento é totalmente novo. Seu plano de negócio inevitavelmente irá mudar.
Se o seus planos estiverem iguais aos de um mês atrás, você provavelmente está em negação.
Questione alguns pontos: caso atue com modelo B2B, as vendas dos seus clientes caíram? Seus clientes irão fechar em breve e/ou demitir funcionários? Caso as respostas sejam sim, reveja suas projeções de receita.
O mesmo vale para o modelo B2C. Vale se questionar também sobre a posição no mercado em que seu negócio ocupa. Os clientes continuam comprando desse ramo? Tudo mudou, por isso, o empresário também precisa estar atento a qualquer mudança.
3 – Qual a duração do problema?
A crise vai durar três meses? Três anos? Projetar a duração do prejuízo é uma forma de se preparar para enfrentá-lo melhor.
Se forem três meses, comece a pensar em congelar gastos variáveis, como as contratações e viagens de pessoal.
Se durar 1 ano, prepare um plano B. Descubra o mínimo que sua empresa precisa para se manter viva e aposte nisso.
É possível que ocorram demissões e diminuição de comissões e salários, por exemplo.
Se esse for o caso, Steve dá uma dica: a primeira opção a ser escolhida antes das demissões é diminuir a remuneração dos cargos mais altos (seguindo, claro, o que for permitido pela legislação).
Encontre uma forma de renegociar os gastos fixos.
Mude estratégias de vendas e invista no e-commerce.
Dessa forma, é possível garantir o emprego de funcionários em níveis mais baixos. Outra dica é: caso tenha de demitir alguém, aja com compaixão. Garanta e faça o possível para que seja feito o pagamento do salário pelos próximos dois meses, pelo menos.
Em uma crise como essas, tudo é possível: desde reposicionamento de produtos até a criação de novos valores.
Se o planejamento for prolongado para os próximos três anos, será necessário cortar tudo que não seja estritamente essencial para a sobrevivência do negócio.
Estude modos de operar nos modelos do isolamento social. Explore opções de venda online e sistemas de entrega. Mais uma vez, pense em um reposicionamento de produto: adapte-se às novas necessidades criadas pela pandemia.
4 – O que meus investidores farão?
Para o professor, um elemento fundamental para a sobrevivência de uma empresa é o acesso ao capital. Startups e pequenas empresas devem reconhecer que seus investidores também estão inseridos no cenário da pandemia e encarando dificuldades. Investidores de capital de risco estão lutando com a questão “O que devemos salvar?”.
Como a liquidez de startups não costuma ser tão alta nos primeiros estágios, elas podem não estar na mira dos investidores no momento da crise. Então, apenas prepare-se para contar com menos interesse deles no caso de novas ofertas.
Fonte: www.steveblank.com